quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

- A Cristo Crucificado -

Não me move, meu Deus, para te amar
O céu que me tens prometido,
Nem me move o inferno tão temido
Para deixar por isso de te ofender.

Tu me moves, Senhor, move-me o ver-te
Cravado numa cruz e escarnecido;
Move-me ver teu corpo tão ferido;
Movem-me tuas afrontas e a tua morte.

Move-me, por fim, o teu amor, e de tal maneira,
Que mesmo que não houvesse céu eu te amaria,
E mesmo que não houvesse inferno te temeria.

Não tens que me dar nada por eu te amar,
Pois mesmo o que espero não esperaria,
E te amaria como te amo hoje.


(soneto de autoria desconhecida, mas atribuído a alguns místicos
espanhóis do séc. XVII como Teresa de Ávila, João da Cruz)

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

.: Sem Segundas Intenções :.

"Deus quer um culto desinteressado, um amor gratuito, isto é, um amor puro. Não quer ser amado porque dá alguma coisa, mas porque dá a si próprio. Quem invoca a Deus para tornar-se rico não está invocando a Deus, mas está invocando aquilo que deseja para si. De fato, o que significa 'invocar', senão 'chamar para si'? Chamar para si, eis o que quer dizer invocar. Quando você diz: 'Deus, dá-me riquezas', você não está pedindo que Deus venha até você, mas, sim, que as riquezas venham até você.
Se, de fato, você invocasse a Deus, ele viria e seria sua riqueza. Mas você, na realidade, prefere ter o cofre cheio e a consciência vazia. Deus preenche os corações, não os cofres. De que lhe servem as riquezas exteriores se o que o move internamente é a miséria?"

(Agostinho, Comentários aos Salmos, 52:8)


segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

...amor entre o Pai e o Filho...

"Este amor inexaurível entre o Pai e o Filho inclui e até transcende todas as formas de amor que conhecemos. Inclui o amor de pai e mãe, irmão e irmã, esposo e esposa, professor e amigo. Mas também vai muito além das muitas limitadas e limitantes experiências humanas de amor que conhecemos. É um amor que cuida mas exige. É um amor sustentador mas severo. É um amor suave mas forte. É um amor que dá a vida mas aceita a morte. Neste divino amor Jesus foi enviado ao mundo, e por este divino amor Jesus se ofereceu na Cruz. Este amor envolvente, que sintetiza o relacionamento entre o Pai e o Filho, é uma Pessoa divina, co-igual com o Pai e o Filho. Tem um nome pessoal. É chamado Espírito Santo. O Pai ama o Filho e se derrama no Filho. O Filho é amado pelo Pai e devolve tudo que ele é ao Pai. O Espírito é o próprio amor em si, eternamente envolvendo o Pai e o Filho."

Henri J. M. Nouwen, é um padre católico e professor de teologia.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

"Então tudo isso é uma farsa!"


Graham Cyster, um cristão da África do Sul, relata uma experiência
dolorosa que teve há duas décadas, quando estava lutando como
evangélico contra o apartheid.

Certa noite, foi levado secretamente a uma célula subterrânea
de jovens comunistas que lutavam contra o apartheid. "Conte-nos
sobre o evangelho de Jesus Cristo", pediram-lhe, como que procurando
por uma alternativa aos métodos violentos que haviam abraçado.

Em seguida, Graham fez uma apresentação clara e dinâmica do
evangelho, mostrando como a fé pessoal em Jesus transforma
maravilhosamente as pessoas e gera um novo organismo de discípulos,
no qual não existe mais distinção entre judeu e gentio, homem e
mulher, rico e pobre, preto e branco.

Os jovens ouvintes estavam fascinados. Um rapaz, que tinha uns
17 anos, exclamou: "Isso é maravilhoso! Mostre-nos onde podemos
ver isso funcionando na prática!"

Graham ficou visivelmente consternado ao responder com tristeza
que não conhecia um lugar no seu país onde os cristãos realmente
viviam essa mensagem.

"Então, toda essa história que nos contou é uma grande farsa",
o rapaz reagiu, irado e decepcionado.

Dentro de um mês, ele havia se integrado na luta armada contra
o apartheid, na qual acabou dando a vida para defender seus ideias.

O jovem estava com a razão. Se os cristãos não vivem o que pregam,
sua mensagem não passa de uma farsa. O comportamento escandaloso
dos cristãos desonra a Cristo, mina o evangelismo e destrói a credibilidade
cristã.